Desejos, Segredos e Cia...

Tuesday, June 6

Pelo caminho das escolhas...


Despertar, respirar bem fundo, abrir a janela do próprio coração para permitir a entrada dos raios de sol...
Um recomeço traz esperanças à vida... abre espaço para um perfume diferente no ar... de um novo amanhecer. Mas também delimita escolhas. Pode ser um novo projeto de vida, um novo caminho para se seguir, expandir suas percepções, se divertir mais, aproveitar melhor os momentos, sonhar com o futuro ou simplesmente ser o melhor que puder...
De uma forma ou de outra algo irá mudar... E basta um pequeno olhar para se perceber como tudo poderá ser mais simples. Ainda que haja dificuldades, obstáculos ou tudo pareça impossível... ainda que haja tropeços, ou quedas, e a inevitável vontade de desistir... o horizonte se mostrará mais reluzente e convidativo.
Importantes mesmo são o presente e o futuro... o passado será relembrado, sem interferir, somente em algum momento nostálgico... Melhor mesmo será ser amigo da paciência e estar em sintonia com o próprio tempo... para ter o controle das melhores vontades e da própria sorte... sem ninguém por perto disposto a boicotar suas expectativas.
Indispensável será ceder à necessidade de transformar as posssibilidades em realidade... para se fortalecer... mas sem perder a própria essência pelo caminho, sem enegrecer o colorido das emoções, sem se tornar um olhar desbotado... sem vida.
Confiar em si mesmo, na própria intuição, decidir e encarar, escolher e aceitar...
Acreditar que tudo pode mudar, que novas experiências são bem vindas, que não existe a época certa mas sim os momentos certos... que tudo pode ser perfeito... basta se permitir...
Não importa como é o lugar onde estamos ou por qual caminho iremos seguir... Importa sim como iremos seguir esse caminho e como seremos nesse lugar. Não importa se vivemos impulsionados pela vida ou não... mas sim como fazemos viver toda essa vida.
Necessário mesmo é ser protagonista da própria história, do próprio destino... correr o mundo e pelo mundo... sem pressa.
A recompensa será a auto-realização, a satisfação pessoal, que terá um sabor único e todo especial... Sabor de dever cumprido, de vitória, de esperanças renascidas, de sonhos renovados...
Afinal somos os frutos suculentos das nossas próprias escolhas e por mais que recomecemos... nada será como realmente poderia ter sido...

"É preciso reviver o sonho e a certeza de que tudo vai mudar. É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver."(Gabriel Márquez)

Wednesday, May 31

Apenas o essencial...


As horas correm... o tempo voa... e os dias já não são mais como antigamente...
Parecem não ter a mesma duração... Parecem se confundir perante tanta correria, tantos atropelos, tantas palavras desnecessárias.
E correria para quê? Onde esperamos chegar? Qual será o crescimento no final? Será tudo isso mesmo necessário? Realmente é importante ter o que ainda não se tem?
E o ser? Como cuidar do que existe dentro de nós? Como ouvir nossa alma, nosso coração? Como escutar o que nos faz ser o que somos? Como prestar atenção em nossos sentidos, em nossas palavras, em nossas respostas se não temos tempo para mais nada?
Definitivamente, não prestamos mais atenção em nós... Estamos nos perdendo de nós mesmos... com toda essa agitação... com toda essa cobrança... com toda essa necessidade não sei do quê.
Há de chegar um dia em que voltaremos a escutar os pássaros, nos encantaremos com o amanhecer e com o anoitecer, nos perderemos viajando junto com as brancas nuvens flutuantes... Há de chegar esse dia em que a simplicidade de existir nos emocione e baste. Dia em que optaremos em falar e pensar somente o essencial. Dia também em que teremos aprendido a escutar... mesmo sem ouvir nenhuma palavra, nenhum som... Nesse dia teremos aprendido a escutar com a alma. E seremos sábios e seremos tranqüilos...e seremos também bem mais felizes.
Agora mesmo estou aqui a presenciar o céu azul se tornar lilás... com uma simplicidade muda, mas totalmente impressionante e não menos desconcertante... enquanto escuta os seus próprios sons...
Esses dias de inverno são os que fazem aflorar em mim aquela necessidade de evolução, aquela vontade de ser outra pessoa, aquela sensação de que posso ser tudo o que quiser.
E tudo isso causa um delicioso arrepio na pele... e um friozinho na barriga... me mostrando que ainda estou viva... e tenho muito o que aprender, a ser, a agradecer... e principalmente a modificar.
Esses dias poderiam se eternizar... para que a minha eventual transformação não se perdesse com o tempo e no tempo...
Vou sonhar hoje com o céu encantado que me causou arrepios... e me fez querer parar o tempo. Quem sabe nesse sonho o meu céu azul também se torne lilás?

“Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” (Alberto Caeiro)

Tuesday, May 23

Sabor de amor...


Alguns dias são realmente especias e valiosos...
Às vezes, em certas ocasiões, não esperamos nada de diferente ou nada além do usual mas, eventualmente, somos pegos de surpresa e de forma inesperada nos emocionamos. Assim... por nada demais...
Então descobrimos o quanto pode valer a pena toda aquela viagem, aquela correria, a cama que deixamos para trás, a necessidade de se fazer outras coisas, a ausência no lar, a vontade de ficar...
E o que era para ser mais um... se torna “o”... Aquele “0” redondo e perfeito... que nos apresenta não a perfeição milimétrica... mas a perfeição emocional... de quem sabe que dificilmente verá aquilo se repetir... e por isso se rende, se entrega sem se rebelar ou recusar...
Momentos gelados porém tendo o poder de aquecer nossos corações, nossos olhos, nossas bocas, nossas vidas... E quentes... apenas continuamos ali... observando, sentindo, agradecendo, abençoando...
E em algum momento, percebemos no ar aquela sensação sublime de fidelidade... aos amigos, aos pais, aos parentes, às raízes, à vida... Sem frescuras, sem exageros, sem pedantismos, sem esnobismos... a ostentação passou longe... E por isso mesmo foi perfeito.
Somente aquela calmaria sutil dançando por entre tantos cantos... Luzes entremeadas por plantas - ou será o contrário? - farfalhar de folhas; chamas sibilantes; perfume de amizade no ar a comover os desavisados; sabores inesquecíveis por entre dentes... fazendo estremecer a língua; música reconfortante para os ouvidos... a nos embalar.
Necessidade de partir... mas não sem antes se certificar de que foi real e não apenas um sonho... que marcou nossas percepções e sensações... mais do que se poderia algum dia imaginar.
Guiados ainda pela fragrância que brincava acariciando o ar, saímos dali refeitos, satisfeitos, agradecidos, emocionados e acalentados pela brisa fria...
Aquele dia não seria jamais esquecido... Fora algo incomparável...
Enquanto nos movíamos ainda sentia o sabor adocicado e inigualável na minha boca... AMORA... AFLORA... AROMA... AFORA... NAMORA... AMOR... AGORA...

Thursday, May 18

Com um toque...

Wednesday, May 17

Enxergar além...


É impressionante como o tempo passa rápido. Vários sonhos e vontades são abandonados em função da falta de tempo.
Desistimos de entender nossas dúvidas, de perguntar por elas e até mesmo de ouvir respostas. E descaradamente deixamos que o que nos move fique esquecido em algum lugar até se desintegrar... e sumir para sempre. Quase sempre.
Por que a vida tem que ser tão padronizada? Será mesmo tudo tão óbvio diante da imensidão em que estamos inseridos?
Aprendemos a acreditar que nossas existências são finitas. E por isso esquecemos de lutar por nossa paz e equilíbrio. E então desistimos… desistimos de nós mesmos, dos outros, de tudo.
Passamos a viver num estado latente de completa e proposital ignorância. E com isso nossa alma se apequena, nossos gritos internos se calam, nossos olhos se fecham em uma dormência pungente.
Nos acostumamos a viver no vácuo dos acontecimentos... esperando sermos capturados... agarrados pelo destino. E assim nosso amor também se torna condicional… ao tempo.
Perdemos a esperança de sermos algo novo todos os dias. Nos tornamos frios. Insensíveis, relapsos. Sem capacidade nenhuma de demonstrar amor.
E o nosso amor para se defender, parece se endurecer querendo ser outra coisa. Não se contenta mais em ser o que é… Não quer ser mais calmaria. Quer ser bravo, quer ser descomedido, quer lutar pelo que não tem certeza, quer mudar, andar por caminhos desconhecidos até se esgotar. Até passar a sentir medo… E até se descobrir ódio. Ódio que não sabe porque é e porque existe assim.
Perdemos a capacidade de crer no que é invisível aos olhos. Perdemos a capacidade de sentirmos nossos próprios sentidos. E então nem toda compreensão é suficiente para digerir os pedaços até a completa dissolução em significados.
E aí o que é inevitável acontece. Já não mais nos encontramos. Já não mais nos vemos. Já não nos reconhecemos. Perdemos nossas referências, nossos rumos, nossas motivações e entusiasmo. E todo dia é qualquer dia. Todo lugar é qualquer lugar. Toda hora é qualquer hora. Toda pessoa é qualquer pessoa. E com toda essa pressa… toda essa turbulência nem lembramos que tudo aquilo antes era o ideal. Tudo aquilo antes tinha importância.
Nesse momento nossos olhos se descobrem cegos, sem capacidade nenhuma de perceber as cores vibrantes daqueles sonhos, paixões e alegrias que antes coloriam nossas manhãs, nos fazendo recomeçar entusiasmados…
Afinal eram eles os que tinham o poder de nos fazer desistir dos nossos medos, ódios e pesadelos… porque enxergávamos com os olhos da alma. E está... fugiu… foi se esconder, com medo dos próprios tons sombrios que adquiriu.
Temos que aprender a fazer o tempo se tornar infinito mesmo ele insistindo em definir limites. Temos que conseguir transformar a fantasia em sonho, mais ainda, quando ela quiser continuar sendo pesadelo.

Sunday, May 14

Rainha-mãe...


E ela acordou feliz... animada com o dia especial. Se levantou. Se perfumou. Vestiu sua melhor roupa. Foi presenteada com um café da manhã caprichado.
Lá estava ela. Docemente linda. Charmosa ao extremo. Graciosa em seus movimentos. Brilho intenso nos olhos. Sorriso largo... encantador. Perfume estonteante... de mãe.
Recebeu o presente emocionada. E agradeceu com um beijo daqueles que fazem perder o ritmo da respiração. Suave como um beijo de mãe deve ser.
Seu dia não foi tão diferente de tantos outros. Mas exalava no ar aquela esperança renovada de mais um ano de muito amor e carinho. E por isso agradeceu comovida, em silêncio.
Talvez não fosse tudo perfeito. Talvez muita coisa pudesse ser melhor. Mas sabia que o carinho existia e o amor emanava inexplicavelmente.
Carinho e amor sem fim. Sem cobranças. Sem julgamentos. Sem barganha. Sem orgulho. Mas incrivelmente emocionante. E extremamente necessário.
Ela era mãe... simplesmente.

Ser mãe...
"Uma mulher chamada Ana foi renovar sua carteira de motorista. Pediram-lhe para informar qual era sua profissão. Ela hesitou, sem saber como se classificar.
"O que eu pergunto é se tem algum trabalho", insistiu o funcionário.
"Claro que tenho um trabalho" exclamou Ana. "Sou mãe!"
"Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar dona de casa", disse o funcionário friamente.
Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.
"Qual é a sua ocupação?" perguntou. Não sei o que me fez dizer isto. As palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora: "Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."
A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar pra o ar, e olhou-me como quem diz que não ouviu bem. Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.
"Posso perguntar" disse-me ela com novo interesse " o que faz exatamente?"
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder: "Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?). O grau de exigência é a nível de 14 horas por dia (para não dizer 24)"
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, se levantou, e pessoalmente abriu-me a porta.
Quando cheguei em casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3. Do andar de cima, pude ouvir meu novo experimento - um bebê de seis meses - testando uma nova tonalidade de voz.
Senti-me triunfante!
Maternidade... que carreira gloriosa! Assim, as avós deviam ser chamadas Doutora-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas, as bisavós Doutora-Executiva-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas e as tias Doutora-Assistente.
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas, companheiras, Doutoras na Arte de Fazer a Vida Melhor!" (A.D.)

Como fazer durar um amor ...
"Uma mãe e a sua filha estavam a caminhar pela praia.
Num certo ponto, a menina disse: "Como se faz para manter um amor?"
A mãe olhou para a filha e respondeu:
"Pega num pouco de areia e fecha a mão com força..."
A menina assim fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia
com a mão com mais velocidade a areia se escapava.
"Mamãe, mas assim a areia cai!!!"
"Eu sei, agora abre completamente a mão ..."
A menina assim fez mas veio um vento forte e levou consigo
a areia que restava na sua mão.
"Assim também não consigo mantê-la na minha mão!"
A mãe, sempre a sorrir disse-lhe:
"Agora pega outra vez num pouco de areia e a mantenha na mão semi aberta
como se fosse uma colher ... bastante fechada para protegê-la
e bastante aberta para lhe dar liberdade".
A menina experimenta e vê que a areia não se escapa da mão
e está protegida do vento.
"É assim que se faz durar um amor..." (A.D.)

Aos 30, descobrimos que nossa mãe é a pessoa em quem mais podemos confiar e morremos de culpa de ter brigado tanto com ela.

Friday, May 12

Para me tornar...agora...


Talvez eu nem quisesse esta vida assim tão normal. Ou ser uma pessoa normal. Eu sempre preferi mais os meus defeitos que, muitas vezes, acabaram tornando-se meus efeitos.
Sempre quis muito... tudo... de mim mesma e também de todos os outros. Eu sei... eu sei... que tenho que viver um dia de cada vez. Eu tento mas não é nada fácil... tudo parece se atropelar... A ansiedade acaba dominando todos os meus espaços, vontades, porquês. Me fazendo muitas vezes esquecer dos meus reais propósitos e também da minha própria respiração. Eu quero ter o hoje mas preciso do amanhã e venero o meu ontem, que sei não volta nunca mais. E é isso que me dá mais medo... o não saber como será a próxima hora, o próximo dia, o próximo mês... o próximo ano. Às vezes finjo saber que sei como tudo vai estar somente para me sentir mais aliviada e poder continuar seguindo em meus dias de forma mais tranqüila... desgarrada de tantas incertezas.
Acho que não sei viver o futuro. Acredito somente no meu presente e acho também que por isso me apegue mais do que devia ao meu hoje. Ao meu agora. Planos para mim parecem estar tão distantes. Não me sinto segura diante deles. Sinto estar mentindo por não ter certeza do que será. Me sinto fraca, angustiada e até enganada. Queria tanto ter certezas, mas cada vez que tento me aproximar... elas se distanciam um pouco mais.
Assim, agora, não mais quero saber que caminhos seguirei... quais pessoas encontrarei por esta estrada, como me sentirei... Só quero saber do que quero agora... neste momento. É só isto que quero. Aprender a viver de improvisos sem me preocupar com como será o fim. Podem achar que isto seja falta de juízo... Mas não acredito.
Eu me conheço e sei que o que realmente preciso é sentir. Me sentir perante os outros... me sentir diante de tantas situações. E depois... só depois agir. E isso não irá me impedir nem um pouco, eu já imagino, de continuar batendo minha cabeça... de continuar errando... Não sei e... não quero fazer de outra forma. Por isso estou sempre me machucando ao arriscar... e ainda dolorida, fico pelos cantos, costurando meus retalhos que sangram... até me reconstruir por completo para novamente me sentir inteira. Mas sei que nunca mais serei a mesma pessoa.
Não tem como acontecer de outro jeito. É assim e pronto. Apesar de não querer me sentir partida ao meio não vou mais me desesperar, nem arrancar meu coração, despedaçar minha esperança ou desacreditar dos meus sonhos. E sei que no final terei o que mereço mesmo eu não concordando totalmente com os parâmetros adotados para definir isto.
Pronto! Acho que agora eu aprendi. Não vou mais me preocupar... Tentarei estar mais leve... banhada por uma fluidez poderosa e extraordinária... que me ajudará a engolir os meus nós... a digerir minhas decepções e fortalecer a minha coragem. Mais do que nunca preciso agora de olhar para dentro.. de mim... e mesmo com tantas dúvidas, incertezas, medos, inseguranças e falta de rumo me reconstruir, saber quem eu sou, me aceitar por completo e ter orgulho do que me tornei.